Introdução
O analista Srinivas Rao alertou, em maio de 2025, que quase todas as startups de inteligência artificial criadas nos últimos anos podem falir até 2026.
Segundo ele, a maioria dessas empresas não desenvolveu tecnologia própria nem infraestrutura robusta. Em vez disso, muitas dependem de interfaces “wrapper” baseadas em APIs da OpenAI. Por essa razão, tornam-se altamente vulneráveis a mudanças no mercado e a falhas no fornecimento.
O que são “wrappers” de IA e por que são frágeis
Na prática, diversos produtos promovidos como “inteligência generativa” são apenas camadas visuais que operam sobre APIs da OpenAI. Isso significa que não têm backend, estrutura técnica ou qualquer propriedade intelectual relevante.
Como exemplo, Rao cita uma ferramenta de edição de podcast. Embora ela use uma API para entregar o serviço em cinco minutos, cobra US$ 60 por mês. No entanto, não oferece qualquer diferencial competitivo. Portanto, sua proposta de valor é questionável.
Uma cadeia de dependências frágil
Além disso, o funcionamento dessas startups depende de uma cadeia tecnológica complexa. Inicialmente, passam por interfaces “wrapper”, depois pela OpenAI, em seguida pela infraestrutura da Microsoft e, por fim, pelos chips da NVIDIA.
Assim, se qualquer elo for comprometido — seja por falha de API, escassez de GPU ou alteração na cobrança — o sistema como um todo pode entrar em colapso.
Por outro lado, é importante notar que o desaparecimento dessas startups também impactaria a OpenAI. Afinal, são elas que tornam seus modelos amplamente acessíveis.
Três eventos “cisne negro” que podem detonar o mercado
Segundo Rao, existem pelo menos três cenários extremos capazes de abalar esse ecossistema:
1. Escassez de hardware: se houver falhas na cadeia da NVIDIA, o treinamento e a execução dos modelos podem ser interrompidos.
2. Regulações governamentais: caso novas leis restrinjam o uso de APIs, muitas empresas podem ser forçadas a encerrar operações.
3. Mudança de paradigma tecnológico: se surgir uma arquitetura que dispense o uso de GPUs, o modelo atual poderá se tornar irrelevante.
Portanto, esses riscos não devem ser subestimados.
Sobreviventes: quem tem infraestrutura ganha
Diante desse cenário, Rao afirma que apenas as startups com infraestrutura sólida sobreviverão. Para ele, empresas com modelos próprios, armazenamento de contexto e canais de distribuição terão vantagens reais.
Além disso, quem investir em memória, fluxos eficientes e diferenciais tecnológicos terá mais chances de permanecer no mercado. Em contrapartida, negócios baseados apenas em APIs externas enfrentarão grandes dificuldades.
Conclusão
De modo geral, o cenário atual da IA lembra a bolha das “.com”. Muitos produtos são frágeis, dependentes de terceiros e sustentados por expectativas exageradas.
Por isso, o alerta de Rao é direto: sem uma infraestrutura robusta e sem domínio tecnológico, até 99% das startups podem desaparecer até 2026. Em última análise, a próxima era será liderada por quem realmente construiu a base — e não apenas a interface.