Introdução
A “Síndrome do Fracasso Inevitável”, descrita por Jean-François Manzoni e Jean-Louis Barsoux no livro “Gerenciando Pessoas – Harvard Business Review”, é um fenômeno preocupante que pode ocorrer em qualquer organização. Esta síndrome descreve uma situação em que gestores, mesmo bem-intencionados, acabam contribuindo inadvertidamente para o fracasso de seus subordinados. Este artigo explora como isso acontece, a importância do feedback construtivo e a necessidade de evitar um ambiente de desconfiança e baixa autoestima.
Como gestores bem-intencionados contribuem para o fracasso dos seus subordinados
Muitos gestores começam com a melhor das intenções, desejando apoiar e desenvolver suas equipes. No entanto, certos comportamentos podem, sem querer, sabotar esses esforços. Primeiramente, um dos mecanismos mais comuns que contribuem para a síndrome do fracasso inevitável é a criação de expectativas negativas. Quando um gestor acredita que um subordinado não vai ter um bom desempenho, essa expectativa pode se tornar uma profecia autorrealizável. Consequentemente, o gestor pode inconscientemente tratar o subordinado de maneira diferente, dando menos apoio ou assumindo que ele falhará, o que aumenta as chances de um desempenho ruim.
Outro comportamento prejudicial é o microgerenciamento. Quando gestores monitoram cada detalhe do trabalho de um subordinado, eles enviam uma mensagem de desconfiança. Isso não só desmoraliza o funcionário, mas também limita sua capacidade de aprender e crescer de forma independente. A falta de confiança manifestada através do microgerenciamento é uma receita para a baixa autoestima e desengajamento.
Além disso, o feedback excessivamente crítico ou punitivo pode destruir a autoestima e a motivação dos funcionários. Quando o feedback é focado apenas nos erros e falhas, os colaboradores podem se sentir desencorajados e menos inclinados a se esforçar. Em vez de se sentirem motivados a melhorar, eles podem acreditar que são incapazes de atender às expectativas do gestor, o que perpetua um ciclo de desempenho insatisfatório.
A Importância do feedback construtivo
O feedback construtivo é uma ferramenta vital para evitar a síndrome do fracasso inevitável. Primeiramente, é essencial equilibrar feedback positivo e negativo. Reconhecer os sucessos e pontos fortes dos colaboradores aumenta a autoestima e a motivação, tornando-os mais receptivos ao feedback corretivo. Além disso, o feedback deve ser direcionado ao comportamento específico, e não à personalidade do indivíduo. Isso ajuda a evitar que os colaboradores se sintam atacados pessoalmente e facilita a aceitação do feedback.
Em vez de apenas apontar problemas, os gestores devem oferecer sugestões práticas para a melhoria. Isso mostra apoio e um desejo genuíno de ver o colaborador crescer. Além disso, o feedback deve ser uma via de mão dupla. Os gestores devem encorajar os colaboradores a expressarem suas preocupações e ideias, promovendo um ambiente de comunicação aberta e confiança mútua.
Evitando um ambiente de desconfiança e baixa autoestima
Para evitar a criação de um ambiente de desconfiança e baixa autoestima, os gestores devem adotar algumas práticas essenciais. Primeiramente, promover a autonomia é crucial. Confiar nas habilidades dos subordinados e dar-lhes autonomia para tomar decisões aumenta a confiança e a motivação. Além disso, os gestores devem resistir ao impulso de microgerenciar e, em vez disso, fornecer orientação e suporte conforme necessário.
Definir metas claras e alcançáveis ajuda os colaboradores a entenderem o que se espera deles e como podem ter sucesso. Isso também facilita a avaliação justa do desempenho. Além disso, um ambiente de trabalho onde os colaboradores se sentem apoiados e valorizados promove a confiança e o engajamento. Gestores devem ser acessíveis e demonstrar interesse genuíno no bem-estar e no desenvolvimento de suas equipes.
Conclusão
A síndrome do fracasso inevitável é um desafio significativo, mas que pode ser mitigado com práticas de gestão adequadas. Portanto, ao oferecer feedback construtivo, promover um ambiente de confiança e evitar comportamentos prejudiciais, os gestores podem ajudar seus subordinados a alcançar seu pleno potencial. Por fim, é crucial que os líderes estejam cientes de como suas ações e expectativas impactam o desempenho e a moral de suas equipes, trabalhando continuamente para criar um ambiente de trabalho positivo e de apoio.